No Século XIX, o termo “espiritismo” foi adotado por Allan Kardec diante da necessidade de marcar a diferenciação para o “espiritualismo”, que designa quaisquer crenças na existência de algo mais do que a matéria. Hoje, em pleno Século XXI, muitos ainda confundem esses dois conceitos, e não são raras as vezes em que atividades espiritualistas são indevidamente associadas à doutrina espírita.
A mera crença na reencarnação, a existência de atividades e de “trabalhos” chamados mediúnicos, que envolvam comunicação com espíritos ou cura por meio da intervenção direta dos mesmos, não são, necessariamente, práticas espíritas. Para serem, necessitam estar inscritas nos preceitos da doutrina codificada por Kardec.
O espírita é aquele que não só admite a existência dos espíritos, como debruça-se sobre a compreensão das leis que regem as relações do mundo espiritual com o material. Nas cinco obras básicas da Codificação, essas leis estão expressas e devidamente explicadas, sempre seguindo coerentemente os princípios evangélicos de Jesus.
Não obstante esse constante exercício de compreensão, abertura aos questionamentos e permanente propósito de avanço dos conhecimentos, dentro de uma postura de “fé raciocinada” é preciso estar também a vivência cristã sendo buscada em sua plenitude. Nas palavras do próprio codificador, “como ciência prática, o espiritismo consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos e, como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam (se originam) dessas mesmas relações”.
Neste início de 2019, a UCESS vem como instituição congregadora dos grupos espíritas atuantes em terras helvéticas, relembrar essas premissas. Cabe deixar registrado ainda que já há 20 anos contamos aqui no país com essa entidade constituída, de forma documentada, com o seu devido estatuto e conjunto normativo, para orientar e receber de braços abertos os centros espíritas atuantes no país, conforme os ditames do Conselho Espírita Internacional (CEI).
A sistematização dos trabalhos, a constante troca de informações, a observância e o empenho para a manutenção dos princípios doutrinários visam o crescimento saudável do movimento espírita e o seu fortalecimento. Pior do que o ceticismo, o preconceito ou a desconfiança enfrentados pela doutrina é o seu desvirtuamento por vivências equivocadas e, muitas vezes, até oportunistas. “Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo” , diz-nos o Espírito de Verdade, no Evangelho Segundo o Espiritismo. Anos depois, Emmanuel adverte o médium Chico Xavier de que, se um dia ele (seu mentor espiritual) contrariasse os ensinamentos de Jesus e de Kardec, que o médium não hesitasse em ficar com Jesus e Kardec. Aqui temos, portanto, o nosso Norte a seguir!